A resposta a tantos desafios tem de ser imediata e eficaz. Em menos de nada, há que repensar rotinas, reorganizar tarefas, dinâmicas de trabalho e familiares.
Num ápice, somos impelidos a focar no mais importante, nunca esquecendo que a saúde é o pilar principal. Nos momentos em que tudo muda sem pré-aviso, ninguém está imune ao cansaço ou ao desânimo. E é aqui, nesta luta que tantas vezes parece desigual, que o desporto entra para nos ajudar. É uma ferramenta essencial para cuidarmos da nossa estrutura, física e emocional. A ciência já demonstrou os benefícios da atividade física na saúde, na gestão de stress e de ansiedade e também no aumento da auto-estima.
Mas, a bem da verdade, nem sempre é fácil fazer o que sabemos que deve ser feito. Para que toda a engrenagem funcione é preciso querer. Muito. Focar no que é importante. Vencer a adversidade. Ajustar comportamentos. Viver cada dia com força de vontade. Fazer acontecer.
Descubra aqui como os nossos atletas - os LIDL Stars, Paulo Ferreira e Bruno Brito - estão a gerir a situação atual, de forma a continuar a preparação para o seu objetivo.
Este é sem dúvida um momento que nenhum de nós esperava viver. Em poucas semanas tudo mudou, passei de estar a treinar afincadamente a 3 meses do maior objetivo da minha carreira para estar fechado em casa. Sem poder fazer aquilo que mais gosto, vi ainda os jogos olímpicos serem adiados um ano. Esta decisão, embora dura para todos os atletas, foi, sem dúvida, a decisão mais acertada.
Tive que ajustar a minha rotina a este novo desafio. Não vou mentir, os primeiros dias foram um pouco complicados, mas agora aos poucos estou a encontrar o meu próprio ritmo e a criar uma rotina de treino em casa. Tenho feito muito trabalho de reforço de ombro, onde já estive lesões no passado e que, nestas alturas, em que não vou à piscina, costumo ter mais dores.
Consegui também arranjar alguns pesos e uma máquina de remo para me ajudar no treino de força e cardio. Relativamente à alimentação tenho tentado que seja a mais saudável e diversificada possível, mas saindo o mínimo possível para ir às compras. Cada vez que vou ao Lidl tento comprar artigos com uma grande duração, mas saudáveis. Sou um grande adepto da carne em vácuo e do peixe congelado bem como aveia (com que faço panquecas todos os dias). É muito importante não cometer excessos já que, como estou a treinar menos, tenho um consumo energético menor.
Dia 9 de março de 2020 eu e uma colega de treino estávamos a preparar-nos para mais uma competição que contava como apuramento olímpico e íamos viajar na madrugada do dia seguinte para a Rússia. A prova foi cancelada por causa do novo surto da COVID-19, e pela segurança de todos os atletas, foi tomada essa decisão. Eu encarei a situação da forma positiva, mesmo com muita vontade de competir e continuar a lutar pelo meu sonho, mas a segurança e saúde de todos é mais importante.
Mas eu sabia que a situação ia começar a ser crítica e que tinha de começar a mentalizar-me. Sabia também que a minha rotina ia mudar e que todos nós tínhamos uma nova missão.
Não só eu sendo judoca, mas todo o mundo tinha que se preparar para enfrentar e derrubar um adversário silencioso, invisível, muito persistente e devastador - a COVID-19. Tendo família em Itália sabia como estava a situação, sabendo do estado crítico e da gravidade do surto, por isso, no dia 12 de março, comecei a minha quarentena voluntária.
No início foi mais complicado a adaptação e aceitação dessa nova rotina. Fiz uma adaptação das rotinas e dos treinos, com o material que tenho à disposição em casa. Com o meu fisioterapeuta do Sporting continuo a fazer o meu plano de reforço muscular em casa.
Faço também treinos de judo em grupo pelo skype com o meu treinador do Sporting e colegas de treino, alternando com treinos de Ginástica natural que me vai ajudando com a mobilidade de movimentos dinâmicos. Continuo a ser seguida pela minha nutricionista - a minha alimentação é saudável, rica em vitaminas e ferro. É muito importante reforçar este aspeto e beber muita água bem como respeitar o descanso. Tento manter o corpo ativo e a cabeça ocupada e sobretudo o pensamento positivo. Termino o meu dia com lições de yoga pelo skype.
Quando soube que os Jogos foram adiados para mim foi um alívio, porque neste momento, com as condições limitadas era impensável pensar em fazer uma boa preparação para o maior evento do ano. Nesta altura temos que pensar no bem estar de todos, e a saúde é mais importante.
Um dia de cada vez é aquilo que penso quando me deito e quando acordo. Não sei quando vou competir nem onde vou competir, aquilo que sei é que tenho de me manter protegida e fazer aquilo que posso em casa.
Tive de adaptar-me a esta nova realidade, mudar rotinas e o tipo de treino, mas aquilo que tento todos dias que não mude é a forma como sempre encarei cada objetivo, por muito duro e difícil que seja nunca devemos perder a força de vontade. Existem momentos de revolta, de tristeza mas no meio de tudo existem momentos bons, nunca estive tanto tempo perto da família e em casa, o que tem tornado tudo mais fácil. Só quero aproveitar esses momentos também porque a família é aquilo que temos de melhor e se estivermos bem tudo o resto vai ficar bem, demore o tempo que demorar.
Continuo a treinar aquilo que me é possível dentro de casa porque o meu objetivo continua e tenho de me manter o mais em forma possível. A vida sempre me ensinou que nada é garantido e de um dia para o outro tudo muda, aproveitem o que ela tem de bom e nunca desistam porque as coisas boas também acontecem e isto é só mais um desafio que ela nos colocou.
Desde há vários meses que a incerteza e o receio se têm vindo a instalar na sociedade, nos cidadãos que a constituem, derivados da inesperada pandemia que lidera um panorama a nível mundial. Contudo, para o bem de todos, é aconselhado que olhemos para esta pandemia como mais uma batalha, entre as tantas que já conseguimos vencer.
De um modo particular, são inúmeras as perdas e acrescidas as dificuldades que tenho vindo a enfrentar. Como atleta, tenho as minhas condições de treino limitadas, e, consequente, competições importantes e determinantes para a minha evolução, suspensas por tempo indeterminado. Embora consciente da decisão tomada e principalmente da sua importância para que possamos permanecer todos em segurança, é alguma a frustração que se tenta infiltrar em mim.
Vejo o um sonho de há vários anos adiado, a realização dos Jogos Olímpicos, este que tem sido um trabalho árduo em prol de um grande objetivo. Podemos passar inúmeras dificuldades, ter de batalhar muito para alcançar objetivos como este e ver bater-nos à porta injustiças, contudo, estou certa de que foi a decisão mais correta para todos os atletas, a saúde é um bem prioritário. De qualquer forma, permanecerei de cabeça erguida e lutarei com todas as minhas forças para alcançar os meus sonhos, especialmente o sonho olímpico! Se o medo é o nosso maior inimigo, vejamos o lado positivo e usemo-lo como forma de nos tornar mais fortes. Desta forma, tem sido este o espírito que me lidera nestes tempos difíceis.
Assim, não só como atleta, mas também como cidadã, gostaria de apelar a todos vós, para que todos juntos, exteriorizemos o espírito guerreiro que tanto caracteriza a nossa nação.
Não tem sido fácil a adaptação à nova vida provocada pela pandemia, pois tive que adotar medidas de prevenção, das quais a mais difícil é o distanciamento social. Estava habituado a uma rotina diária com treino em grupo no centro de treinos no Jamor (Oeiras) e foi recomendado pelo meu clube (SL Benfica) ficar em casa muito antes do nosso governo decretar o estado de emergência mas, atendendo ao que estáa acontecer, foi a decisão mais adequada.
Antes da pandemia do novo coronavírus chegar a Portugal, estive em estágio no Quénia a treinar para as competições que se seguiam, das quais, algumas competições seriam decisivas na minha qualificação para os Jogos Olímpicos.
Nos últimos dias de estágio recebi a notícia que praticamente as competições até meados de Junho tinham sido canceladas ou adiadas. Ou seja, todo o trabalho e investimento que tinha feito para estar na melhor forma da minha vida tinham sido hipotecados, como também a minha participação nos jogos olímpicos. Não foi nada fácil ter vivido isto, mas tive que aceitar porque o que estamos a viver é um problema global que está a prejudicar toda gente e a saúde de ‘’nós’’ está em primeiro lugar.
Quando regressei a Portugal estive 14 dias de quarentena em casa sem estar em contacto com ninguém, mas tive de manter a minha motivação e por isso não parei de treinar. Não treinei normalmente, mas tive que adaptar. Faço circuitos de condição física em casa e faço também pequenas corridas perto da minha residência em locais pouco movimentados.
As competições de apuramento para os Jogos Olímpicos sendo adiadas ou mesmo canceladas levou que os Jogos fossem adiados para 2021, assim há uma nova esperança para a realização de um sonho de criança. Há ainda muita indefinição quando a pandemia irá acabar e quando tudo vai voltar à normalidade. Mas acredito que irá tudo ficar bem!
Toda a minha vida sonhei ser atleta olímpica. Há 6 anos, comecei a acreditar que isso era possível, e há 4 tornei esse sonho realidade. Nas últimas semanas, houve provas canceladas, infraestruturas encerradas, e fronteiras fechadas.
Apesar dessas limitações, e com a devida adaptação, tenho conseguido continuar a minha preparação. O meu sonho não foi cancelado foi apenas adiado. Infelizmente, o mesmo não acontece com muitos dos meus colegas que apelam pela imaginação para continuarem ativos. Há quase 4 anos, quando estava na Aldeia Olímpica, um repórter perguntou-me o que representava para mim fazer parte dos Jogos Olímpicos. Respondi que na Aldeia Olímpica estavam os "super-heróis do mundo real: os mais rápidos, os mais fortes, os mais ágeis".
Hoje, essa metáfora não faz qualquer sentido: os heróis do mundo real são todos os profissionais que saem de casa para salvaguardar a nossa saúde e garantir os bens essenciais da população. E todos os que, cumprindo a sua obrigação, ficam em casa.
Sobre a minha rotina: Acho que uma das tarefas mais difíceis é manter horários. Uma das estratégias que tenho adotado são estabelecer horas de refeições fixas, acho que e fundamental para manter uma rotina saudável. Para melhorar o meu sistema imunitário de manhã faço sempre um Golden Milk. E antes de começar o treino tomo uma vitamina C efervescente. Tenho tido uma especial atenção na quantidade de proteína que ingiro ao longo do dia, para garantir a manutenção de bons níveis de massa magra.
Durante o dia procuro comer frutos oleaginosos, e gordura vegetal, abacates ou azeitonas. Dou sempre preferência a snacks com baixo teor de hidrato/ açúcar. Uma ótima opção é o húmus picante ou de caril com vegetais Baby. Antes de dormir tenho por hábito comer o queijo quark com xarope de agave Bio e, quando tenho mais dificuldade em dormir, tomo Magnésio efervescente para me ajudar a relaxar e a dormir noites descansadas. Este período tem sido bom para experimentar receitas novas e inventar algumas receitas.
Em todo o meu percurso como atleta, já ultrapassei vários desafios, tanto no âmbito desportivo, como no pessoal. Gostei sempre de encarar os obstáculos como forma de crescer, como forma de desenvolver novas capacidades e conhecer novos limites.
Sou sincero, acho que nada nos prepara para a realidade que vivemos hoje. A nossa vida tornou-se, na verdade, um pouco como as minhas lutas no tatami, mas em vez de ser eu a lutar, somos todos nós e o adversário não é nenhum dos meus colegas de judo, mas sim o desconhecido, o tal COVID-19.
Com esta nova ameaça que nos tirou a nossa rotina, como atleta tive de me adaptar rapidamente para manter o meu foco nos objetivos.
Com ginásios fechados e treinos adiados, tenho tentado manter um plano diário que se divide entre corridas e treinos mais funcionais. Sempre soube manter a disciplina, por isso agora foi só pensar em alternativas e procurar apoio junto de quem sempre me acompanhou.
O adiamento dos Jogos Olímpicos foi, sem dúvida, uma decisão que teve grande impacto no meu dia-a-dia. Estava focado desde o Mundial neste grande objetivo e, embora tenha a certeza, pelas notícias que entram em nossa casa todos os dias, que tenha sido a melhor decisão para mim e para todos os meus colegas, fez com que tivesse de reprogramar todo o meu plano físico e psicológico.
Não tenho dúvida que agora é importante juntar-me a todos nesta luta para que depressa volte à minha rotina e, principalmente, aquilo que mais gosto de fazer - judo.
O ano 2020 começou por ser “o ano”. O ano por que todos os atletas esperavam, o ano para concretizar sonhos e superarmo-nos. Os primeiros meses foram muito complicados. O estado da pandemia estava a piorar, as provas foram todas canceladas, infraestruturas encerradas, tive que deixar o meu grupo de treino e treinador. Começei a treinar sozinha e saíde Lisboa para estar mais isolada.
Nessa altura, ainda não havia certezas se os Jogos Olímpicos (JO) seriam adiados. Conseguia treinar com as mínimas condições para me manter competitiva, mas tinha a plena noção que, se os Jogos Olímpicos se concretizassem, não ia estar na minha melhor forma.
Pairavam grandes dúvidas, incertezas, ansiedade e stress. Finalmente, o ComitéOlímpico Internacional (IOC) tomou a decisão certa de adiar os Jogos Olímpicos. Não seria justo se fossem este ano, não só porque alguns atletas não conseguiam ter as mínimas condições/estruturas para treinar, mas pela saúde e segurança de todos.
No final de março, confirmaram as novas datas e nesse dia, mudámos o planeamento, reajustamos volumes e intensidades de treino, e suplementação. A alimentação tem que ser ainda melhor para continuar com o sistema imunitário forte... no fundo, é manter a boa forma física. O plano pode ter mudado, mas o sonho continua. A motivação, a ambição e o foco continuam. Se pensar bem, vou ter mais um ano de preparação para os Jogos Olímpicos, mais um ano de experiência, aprendizagem e maturidade. Estou consciente que a distância entre o sonho e a conquista é a atitude e com isso, quero chegar aos Jogos Olímpicos com a consciência de que fiz tudo o que estava ao meu alcance para chegar na minha melhor forma e que dei o melhor de mim.
Agora, estou isolada e a treinar em casa. Fiquem também em casa o máximo que puderem. Evitem sítios com muitas pessoas, lavem bem as mãos, mantenham-se saudáveis, alimentem-se bem e tirem o melhor de cada dia. Protejam-se e protejam o outro. Lembrem-se que nas outras casas, os outros somos nós. Isto vai passar e vai ficar tudo bem.
Perdoem-me os fervorosos adeptos da cultura e literatura mas vou começar esta partilha inspirado no poema de Luís de Camões, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, contudo inverto o pensamento para:
Mudam-se os tempos, mantêm-se as vontades
Muda-se o ser, mantém-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
É assim que encaro a vida, os desafios e não obstante as circunstâncias particulares que todos, sem exceção, estamos a viver, são para ser superados. Acredito que a nossa resiliência está a ser posta à prova e vamos sair mais fortes.
Fazendo jus à adaptação e com os olhos postos em Setembro no Ironman 2020, tenho conseguido ajustar a minha preparação com treino indoor, quase sempre no Life Center, onde posso correr na passadeira e faço rolos na bicicleta. Na passadeira é importante saber que devemos correr sempre com inclinação até máximo 2% de modo a mimetizar o atrito do solo, uma vez que a passadeira facilita a extensão da coxa já que o tapete nos “foge” dos pés.
Na bicicleta, treino em rolos nunca mais de 2 horas e uma vez que não tenho nenhum programa sofisticado como os que existem no mercado, treino sempre guiado pela frequência cardíaca alternado entre séries de maior intensidade e recuperação que podem variar entre 5/10 minutos com descanso ativos. Tudo faz parte do planeamento e exige uma progressão e muita força de vontade, já que um dos encantos do treino de bicicleta é a sensação de liberdade e de vento na cara.
A possível simulação da natação faço nas máquinas de cabos simulando o gesto da natação de crol e ao mesmo tempo fortalecendo as costas e o trícipete na fase da extensão do cotovelo.
Em breve voltamos aos treinos na rua e espero sinceramente que estas semanas nos ajudem a tomar consciência de tantos detalhes e pormenores das nossas vidas que temos por adquiridos.
“E agora?” Muitos de nós fazemos esta pergunta, vezes sem conta, nestes últimos dias.
O receio, a incerteza, tomaram a rédea nas primeiras semanas, mas felizmente a coragem, a solidariedade, o sentido de dever, ganharam força e assistimos, todos os dias, a exemplos muito gratificantes, pelos quais devemo-nos sentir muito orgulhosos, enquanto Pessoas e enquanto Nação.
Não tenho a pretensão de escrever uma “ode” à Portugalidade, mas sim poder ajudar nesse caminho de partilha, de ajuda, no caminho em que cada um de nós dá o melhor de si em prol dos outros. Um sábio uma vez disse “se queres ir rápido, vai sozinho. Se queres ir longe, vai acompanhado”, sem dúvida uma verdade absoluta nos tempos que estamos a viver, mas também um desafio para Todos nós. E é exatamente neste ponto, os desafios - que somos obrigados a enfrentar face ao isolamento – que gostaria de dar-vos o meu modesto “bitaite”.
Gostaria de vos propor o seguinte desafio, ora aí está outra vez a repetição da palavra… que tal aproveitar para reaprender com estes novos tempos? Exemplo, há quanto tempo dizíamos que não tínhamos tempo de qualidade com a nossa Família? Há quanto tempo não fazíamos um bolo? E aquele jogo de tabuleiro guardado há anos na arrecadação?
Depois há o outro lado, no qual me incluo, “e as Provas? E o Ironman 2020?”. Pois bem, não há atalhos, como costumo dizer. Temos que manter a resiliência, o focus, as rotinas e, acima de tudo, adaptarmo-nos. Continuo a treinar diariamente, quer bicicleta indoor, quer Corrida (mantendo sempre o distanciamento social e junto à minha residência), cuidado na alimentação e, claro, em Teletrabalho e isto tudo com uma vantagem. Qual perguntam vocês? Estou junto da minha família!
Protejam-se!
Se no final de 2019 me dissessem que 2020 ia ser um ano que ficaria para a história devido a uma pandemia e que tudo na nossa vida iria ser adiado um ano, nem eu nem ninguém acreditaria! Não foi só a nível desportivo que a nossa vida mudou, tivemos de adiar planos de vida, adiar relacionamentos, vida pessoal, profissional, um pouco de tudo. Mas, apesar disso, o mundo não parou e nós também não podemos parar!
Continuamos a ser humanos e a ter objetivos nas mais variadas áreas e as palavras de ordem são reinventar, adaptação e imaginação.
Por ser um ano de Jogos Olímpicos tornou-se ainda mais importante para nós, atletas, era o ano do "sonho" de uma vida. Vê-lo adiado, ver adiados os apuramentos, ver adiada a pergunta "Vou ou não conseguir chegar lá?" gera incerteza e ansiedade.
Como atleta, encaro isto como mais um desafio que tenho de superar - incerteza, ansiedade e procura constante de resultados são o dia-a-dia de um atleta de alta competição. Tive de me habituar a treinar ao ergómetro de kayak, ao acompanhamento virtual do meu treinador, a treinar com menos recursos do que habitualmente, de mudar muitos treinos para os conseguir realizar, mas, por outro lado, o lado bom, é que me pôs a pensar em como posso potenciar ainda mais o meu treino.
Há estratégias que adotei nesta fase que provavelmente serão mantidas quando tudo passar, porque vai passar. E quando passar, vou ter a certeza de que dei tudo de mim para estar em Tokyo 2020/1. Serei uma pessoa mais forte, mais capaz e mais equipada de meios para chegar à tão desejada glória desportiva!
Apesar destes tempos difíceis que passamos, há que manter uma mentalidade focada nos objetivos que temos para o futuro. A epidemia retirou-me a liberdade de poder lutar por estes objetivos de maneira mais profissional. O não poder ir a um ginásio, o não poder ir correr, o não poder ir nadar, o não poder remar no rio, fez com que tivesse de arranjar uma maneira alternativa de continuar a lutar pelos desafios que propus a mim mesmo.
De um modo mais “arcaico”, mas sempre com foco, ambição e determinação em alcançar o que defini como importante para o meu percurso profissional.
Com o material que tenho em casa, tal como um TRX e um ergómetro, realizo os treinos de ginásio de modo a não perder força a que a canoagem obriga a ter. Com o ergómetro consigo remar mesmo estando em casa porque é uma máquina cujo movimento se assemelha muito ao que faço no kayak quando remo no rio.
Uma pessoa que me é especial sempre me disse que, para além de motivado, eu deveria ser disciplinado, porque estar motivado 365 dias por ano é impossível e a disciplina é um hábito que se constrói e que não desilude. Disciplinado é a palavra de ordem nestes dias, com um sentimento de compromisso, determinação e ambição para com os meus sonhos e objetivos.
O atual dia-a-dia fez com que o caminho ficasse mais difícil, mas não o tornou impossível de transpor. Por isso, mesmo de modo mais “arcaico”, continuo a lutar pelo que quero.