Ainda é cedo para percebermos a dimensão do impacto que o atual contexto pandémico terá no bem-estar e no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Contudo, são já vários os estudos empreendidos acerca desta matéria que nos permitem tirar algumas conclusões.
Num trabalho realizado pela Universidade Católica, por exemplo, sustenta-se que o primeiro confinamento aumentou a ansiedade e a irritabilidade das crianças e dos jovens em Portugal. Além disso, também o sedentarismo se evidenciou: no confinamento, menos de 25% das crianças e dos jovens praticou mais de uma hora de exercício diário, sendo que, antes, este número situava-se acima dos 50%.
Por sua vez, também a UNICEF elenca alguns dos principais efeitos da pandemia nas crianças portuguesas. Na lista, podemos destacar os seguintes fatores:
- Desigualdade no acesso à educação a distância, relacionada com os recursos disponíveis e com o acompanhamento existente em casa;
- Aumento dos casos de insegurança alimentar, devido à perda de rendimentos por parte das famílias;
- Crianças com necessidades com acesso mais dificultado à educação especializada e ao acompanhamento de saúde;
- Redução das oportunidades para brincar;
- Crianças em maior risco de abuso nas suas casas e online, bem como de exposição a situações de violência doméstica.
De notar, por fim, que este quadro tenderá a repercutir-se na saúde mental dos mais jovens. A ansiedade pode, pois, ser provocada por fatores como: as preocupações oriundas do desenvolvimento da própria pandemia, o medo do contágio ou da letalidade que lhe está associada, as medidas de isolamento social, que dificultam o vital convívio com os pares e a vivência regular da infância.