Técnica de prova: O Olfato – Os aromas do vinho

| Artigo escrito pela especialista de vinhos Maria João de Almeida

 

 

Os aromas são o conjunto de sensações que o vinho nos transmite através do olfato. Ao apreciar um vinho nem sempre é fácil distinguir os seus aromas já que, na sua quase totalidade, eles não são percetíveis sem um treino adequado. No vinho encontramos famílias de aromas e dezenas de compostos aromáticos, sendo que há aromas mais fáceis de reconhecer do que outros.

Como funciona o nariz no reconhecimento dos aromas?

Como funciona o nariz no reconhecimento dos aromas

O núcleo olfativo, situado no cimo de cada uma das fossas nasais, estimula-se através de moléculas odoríferas no estado gasoso por duas vias diferentes: o nariz e a boca. Pelo nariz inspiramos as moléculas odoríferas, que se propagam pelas fossas nasais através da longitude do nariz até chegarem ao núcleo olfativo.

No entanto, as moléculas odoríferas percorrem também a boca, a garganta e chegam ao núcleo olfativo por via ‘retro nasal’. O processo termina quando finalmente recorremos ao nosso cérebro para identificar os aromas que estão guardados no nosso banco de memórias.

A Roda dos Aromas

Ann Noble, professora de enologia da Universidade de Davis, na Califórnia / EUA, criou na década de 80 a ‘Roda dos Aromas’, uma espécie de painel com a classificação de todas as famílias de aromas e suas subcategorias devidamente organizadas. Por exemplo:

A Roda dos Aromas
  • Aromas frutados: cereja, morango, ameixa, pêssego, limão, laranja, maçã,
  • Aromas florais: rosa, violeta, jasmim, acácia, flores brancas,
  • Aromas de especiarias: pimenta, cravo, canela, noz-moscada,
  • Aromas de animais: carne, pelo molhado, couro,
  • Aromas vegetais / herbáceos: relva, pimentão, chá,
  • entre outros.

Desde então, esta roda prevalece.

Depois de estudar bem a roda dos aromas, é importante perceber que eles se dividem ainda em vários níveis. São eles:

  • Aromas primários: Os aromas da casta. Fatores como o clima ou maturação podem influenciar na intensidade destes aromas. Por exemplo, anos mais quentes dão origem a vinhos com aromas mais doces. Anos mais frios, a colheitas mais frescas.
  • Aromas Secundários: Aromas de fermentação que resultam da ação das leveduras sobre o mosto e estágio em madeira (quanto maior for o estágio em barricas novas, mais marcado ficará o vinho com o seu aroma).
  • Aromas Terciários: Aromas de envelhecimento. Esse conjunto de aromas é conhecido por ‘bouquet’. A longa guarda do vinho traz-lhe maior complexidade aromática e maciez.

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